Um dos entraves mais recorrentes na Inclusão escolar, de um modo geral, é que, para que a prática aconteça, deve ser amparada na lei. A lei decreta e as instituições “ podem” agir, se organizar, nesse sentido. Mas isso não basta. Incluir passa, inevitavelmente, pela crença, pela visão ideológica de quem a pratica. E para crer é preciso saber a respeito. Logo, para incluir é preciso ter preparo, acreditar que pode fazer algo produtivo pelo incluído. Por exemplo: Uma escola pode abrir suas portas, acolher família e criança, promover convívio e não conseguir ensinar. Temos aqui um clássico exemplo de “ boa vontade” e falta de estrutura de caráter didático e metodológico, talvez. Está na lei, mas não na pratica. O que quero dizer com isso é que podemos ter um serviço, um atendimento previsto na lei e não obter resultados por não ter estrutura e capacidade técnica para realizar tal proposta. Quero lembrar aqui que a escola oferta aprendizagem e portanto, atender necessidades especiais é superar dificuldades para ensinar.
Quando focamos na inclusão dos autistas, na sua escolaridade, nos deparamos com um quadro ainda mais desafiador, pois a questão ultrapassa o aspecto pedagógico, afinal o autismo possui na sua essência e na própria descrição, alterações e sintomas relacionados a prejuízos nas relações sociais, na comunicação e linguagem e a rigidez na flexibilidade mental e comportamental. Vejam que a escola é ambiente que por excelência, usa e executa suas propostas através das interações sociais, ou seja, ensinamos através do ato de se comunicar e numa interação. O autismo é um transtorno global do desenvolvimento e é durante todo seu desenvolvimento que as crianças frequentam e aprendem, nas escolas.
Pois bem, vamos acrescentar aqui ainda, a condição de que os estudos, desde sua descoberta e os avanços no seu tratamento datam de meados do século XX, o que comparado a outros transtornos e síndromes, podemos considerar recente.
Ao fazermos tais considerações podemos concluir que a inclusão dos autistas a escolaridade é assunto bastante complexo e influenciado pelas estruturas sociais, nas quais, cada um desses indivíduos está inserido.
Responder com simplicidade uma questão tão ampla é negligenciar o tamanho da complexidade dessa condição.Incluir essas crianças, apenas sob a ótica da lei, em escolas regulares ou excluí-las sob a alegação simplista de que ela não aprende é um ato de selvageria, de agressividade com essa população.
O que pode ajudar as famílias e seus autistas?
Quem são essas pessoas e onde estão?
Qual a melhor escola?
O autismo pode variar muito de indivíduo para indivíduo e configurar inúmeras combinações de sintomas, tornando assim, complexa a tarefa que vai desde o diagnóstico, a intervenção, escolaridade até a convivência. Podemos nos deparar com autistas verbais, não verbais, com e sem contato visual, de leves a severos, com e sem comprometimento intelectual. A escola mais indicada será aquela que contemple o grau de comprometimento de cada indivíduo.
Ela se justifica se tiver especialistas em autismo, pequenos grupos de alunos por professor, além de contar com especialistas em comunicação e linguagem, podendo se beneficiar de um serviço multidisciplinar que eventualmente conte com psicomotricista, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. Numa escola especial ou regular, o apoio individualizado é premissa básica, pois nas evidencias, o que podemos constatar é que a falta dessa intervenção e apoio está diretamente associada ao fracasso.
Toda criança autista, independente da opção escolar requer atenção individualizada a seus problemas de comunicação e interação social.
Portanto só o conhecimento, a legislação, o investimento no professor e educação e a conscientização de toda sociedade pode garantir a contemplação dessa população que, hoje é de aproximadamente, uma para cada oitenta crianças.
Caminho longo e difícil se faz com proporcional recurso e mais uma vez, crença na ciência!!
O autismo é uma condição para a vida inteira!! Devemos ajudar!
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www.autismoerealidade.com.br
www.ama.org.br
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