A Câmara Municipal de Tietê, por meio da Comissão de
Orçamento, Finanças e Contabilidade, realizou na noite da última terça-feira,
dia 27 de maio, uma audiência pública para apresentar a avaliação do
cumprimento das metas fiscais referentes ao primeiro quadrimestre de 2025. Em
seguida, ocorreu também a primeira audiência da LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias).
Estiveram presentes os vereadores Silvio Freitas (MDB),
Valmir Giacomazzi (PL), respectivamente presidente e vice-presidente da
comissão, e Prof. Leandro Amicci (PL). Dentre os representantes do Poder
Executivo, a apresentação foi conduzida pelo secretário municipal de Finanças,
Mauro Ferreira Adorno Filho, e pelo chefe da Contabilidade, Francisco Pedro
Dalbone.
De acordo com os números apresentados, a receita total
arrecadada foi de aproximadamente R$ 92,1 milhões, o que representa 35,16% do
valor previsto para o ano. As despesas totais pagas somaram cerca de R$ 81,8
milhões, equivalentes a 31,24% do total estimado.
Também foram destacados os investimentos em áreas essenciais.
Até o momento, o município aplicou 36,5% da receita em educação, superando o
mínimo constitucional de 25%. Na área da saúde, o percentual aplicado foi de
35,99%, bem acima dos 15% obrigatórios. Os gastos com pessoal atingiram 43,96%
da receita, permanecendo dentro do limite legal de 54%.
No decorrer da audiência, os representantes do Executivo
colocaram-se à disposição para prestar esclarecimentos e responder eventuais
dúvidas. O vereador Prof. Leandro Amicci destacou a importância de esclarecer a
população acerca de quanto o município tem em caixa para aplicar na cidade.
Como destacou o vereador, no início do ano houve a informação
de que o município teria R$ 14 milhões disponíveis para ser investido
livremente em qualquer área, como saúde, educação ou infraestrutura. No
entanto, Leandro Amicci explicou que essa quantia, em grande parte, corresponde
a verbas vinculadas, ou seja, recursos que só podem ser utilizados para
finalidades específicas, de acordo com a origem da verba.
Mauro Ferreira explicou que muitos desses recursos exigem uma
contrapartida da Prefeitura para serem utilizados. Ele exemplificou com um
investimento de R$ 6 milhões que requer uma contrapartida municipal do mesmo
valor. Caso a Prefeitura não consiga arcar com sua parte, o recurso precisa ser
devolvido. Foi o que ocorreu com R$ 400 mil repassados pela Funasa, que estão
sendo devolvidos porque a obra prevista há muitos anos não foi realizada dentro
do prazo estipulado.
Outro caso mencionado foi o da obra da ponte pênsil, que
corre risco semelhante de devolução de verba de R$ 1,4 milhão para o Estado,
caso não seja licitada a tempo. Leandro reforçou que, mesmo que esse valor
total destinado à ponte esteja disponível, ele não pode ser redirecionado para
outros projetos, como reformas em escolas ou postos de saúde. "Ou você
gasta ou você devolve".
Na prática, como apontou Mauro, a situação do caixa é
bastante diferente. O município iniciou
o quadrimestre com um saldo negativo de aproximadamente R$ 800 mil em verbas
livres, aquelas que poderiam ser utilizadas livremente pela administração para
atender demandas cotidianas da população.
"Às vezes a forma como é dito não traz toda a clareza
daquilo que realmente a gente está vivenciando. Ao falar que a educação tem R$
90 milhões, mais de R$ 90 milhões, mas R$ 60 milhões estão na folha de
pagamento, R$ 10 milhões em transporte, mais quase R$ 9 milhões em dívidas que
vêm de um momento anterior...", acrescentou o Prof. Leandro Amicci.
"Então, a população precisa saber disso, porque muitas
vezes não entende para onde vão esses gastos. Hoje, orçamento para gastos são
negativos. A gente tem praticamente R$ 800 mil negativos em caixa",
acrescentou o parlamentar.
No decorrer da audiência, os vereadores e representantes do
Poder Executivo discutiram possibilidades de gerar economia e aumentar a
arrecadação da cidade, sem a criação ou aumento de nenhum imposto.
"O que a gente está fazendo é criar situações de
economia e criar situações de crescimento de receitas, que não impactem aumento
de imposto, porque isso não cabe hoje na população. O prefeito não quer nem
escutar sobre isso", afirmou Mauro.
Próximo ao final da apresentação, com quase uma hora de
diálogo na audiência, o chefe da Contabilidade do Executivo Municipal elogiou
os questionamentos e cobranças que vem recebido dos parlamentares da atual
legislatura e frisou que a cidade precisa desse tipo de fiscalização por parte
dos vereadores.
"É um bom sinal. Acho que o município precisa de pessoas
que questionem realmente a gente. E esses senhores, o Leandro, o Valmir, a
Raquel são pessoas que estão me questionando diariamente e eu não acho ruim, eu
acho importante. A finalidade aqui é um município mais forte", declarou.