O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou nesta
quarta-feira (11) para rebater as acusações feitas pela Polícia Federal no
inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as
eleições de 2022. Segundo a PF, Bolsonaro teria participado de articulações
para invalidar o resultado eleitoral e manter-se no poder de forma ilegítima.
Em coletiva e por meio de seus advogados, o ex-presidente
negou todas as acusações e apresentou sua versão dos fatos. A seguir, veja
ponto a ponto o que foi dito por Bolsonaro em relação aos principais pontos da
investigação.
1. Reuniões com militares e aliados
O que diz a PF:
Bolsonaro teria se reunido com comandantes das Forças
Armadas e assessores para discutir um plano de interferência nas eleições e
possível decretação de Estado de Defesa ou Estado de Sítio.
O que diz Bolsonaro:
O ex-presidente confirmou as reuniões, mas afirmou que eram
encontros institucionais e rotineiros, voltados à segurança do processo
eleitoral e à manutenção da ordem. Ele negou qualquer discussão sobre ruptura
democrática.
"Nunca tratei de golpe. Sempre respeitei a Constituição
e os limites institucionais," disse.
2. Minuta de decreto golpista
O que diz a PF:
Uma minuta de decreto para instaurar Estado de Defesa no TSE
foi apreendida na casa de um ex-assessor. O documento seria parte do plano para
deslegitimar o resultado das urnas.
O que diz Bolsonaro:
Ele afirmou que nunca assinou ou autorizou a elaboração do
documento e alegou que o texto era uma sugestão não oficial, que sequer chegou
a ser discutido formalmente em seu governo.
"Se fosse um plano real, teria sido executado. Isso
nunca ocorreu," declarou.
3. Dúvidas sobre as urnas eletrônicas
O que diz a PF:
Bolsonaro teria fomentado a desconfiança nas urnas
eletrônicas como parte de uma estratégia para mobilizar apoiadores e justificar
ações autoritárias.
O que diz Bolsonaro:
O ex-presidente afirmou que suas críticas ao sistema
eleitoral sempre foram públicas, legítimas e baseadas em pedidos por mais
transparência. Disse que nunca incentivou ações ilegais ou antidemocráticas.
"A crítica às urnas é um direito democrático. Jamais
incentivei violência ou quebra da ordem," afirmou.
4. Articulação com aliados e empresários
O que diz a PF:
Empresários e aliados próximos teriam financiado e
articulado manifestações antidemocráticas, com conhecimento ou incentivo do
então presidente.
O que diz Bolsonaro:
Ele disse desconhecer qualquer financiamento ilegal e
afirmou que manifestações de apoiadores ocorreram espontaneamente, dentro do
direito de liberdade de expressão.
"Não há prova de que eu incentivei qualquer ato ilegal.
O povo foi às ruas por indignação própria," afirmou.
5. Conclusão da defesa
A defesa de Bolsonaro afirma que ele está sendo alvo de
perseguição política e que as acusações são infundadas. Segundo seus advogados,
não há provas de que o ex-presidente tenha cometido qualquer crime, e a
tentativa de ligá-lo a um golpe de Estado seria uma narrativa construída para
enfraquecer sua imagem.
"Confio na Justiça e na verdade. Não participei de
nenhum golpe, e meu legado é de respeito à democracia," concluiu
Bolsonaro.
Contexto:
O inquérito da Polícia Federal integra a chamada
"Operação Tempus Veritatis", que investiga uma organização criminosa
suspeita de tentar reverter o resultado das eleições de 2022. O caso está sob
análise do Supremo Tribunal Federal (STF) e tem desdobramentos em várias
frentes, com depoimentos, quebras de sigilo e apreensões.