Alerta é de estudo lançado nesta quinta, Dia Mundial do Meio
Ambiente
Na Amazônia, 10,2 milhões de hectares de florestas públicas
não destinadas apresentam alto risco de grilagem, aponta estudo lançado nesta
quinta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, pelo Observatório das Florestas
Públicas. A iniciativa reúne especialistas do Instituto de Pesquisa Ambiental
da Amazônia (Ipam) e do Movimento Amazônia de Pé.
De acordo com os dados divulgados, de janeiro a abril de
2025, 80% de todo o desmatamento no bioma ocorreram nesses territórios ainda
não designados a cumprir função socioambiental, como de unidade de conservação,
terras indígenas, quilombolas ou para regularização fundiária, conforme
previsto na Lei de Gestão de Florestas.
Os dados apresentados destacam o mês de abril com salto
expressivo no desmatamento, registrando aumento de 192% em relação a março, e
229% a mais do que no mesmo mês de 2024.
Nesse período, outros 37.719 hectares de florestas públicas
não destinadas foram atingidas por queimadas, sendo 68% de áreas federais e 31%
de áreas geridas pelos estados. A cobertura verde mais suprimida pelos
desmatamentos e queimadas está concentrada nos estados do Amazonas, Pará e de
Roraima.
As florestas públicas não destinadas representam 50,2 milhões
de hectares na Amazônia, área que equivale ao estado da Bahia. São capazes de
estocar cerca de 5,2 bilhões de toneladas de carbono, volume equivalente a mais
da metade de toda a emissão do planeta estimada para 2024.
Atualmente, 32,7 milhões de hectares de registros no Cadastro
Ambiental Rural (CAR) estão sobrepostos a florestas públicas não destinadas.
Desse total, de 10,2 milhões de hectares foram cadastradas como integrantes de
propriedades privadas com mais de 15 módulos fiscais, equivalentes a cerca de
1,5 mil hectares.
“Desmatar grandes áreas custa caro, ou seja, esse tipo de
desmate pode estar ligado a grupos capitalizados ‘de olho’ em uma área e que,
futuramente ou com brechas na legislação, tomam posse”, esclarece a
coordenadora do Observatório das Florestas Públicas e pesquisadora do Ipam,
Rebecca Lima.
Para os pesquisadores além do cancelamento dos registros do
CAR sobrepostos, é estratégico e urgente acelerar o processo de destinação para
enfrentar os crimes ambientais e conter as mudanças climáticas.
“A proteção dessas áreas antes da COP30 [Conferência das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas] é a oportunidade que o Brasil tem de
chegar ao encontro apresentando esse bom exemplo ao mundo”, reforça a diretora
do movimento Amazônia em Pé, Daniela Orofino.