Com atrasos, obras emperradas e baixa execução orçamentária, programa que seria vitrine do governo perde força; Planalto busca alternativas em meio a cenário econômico desafiador

Brasília, 7 de junho de 2025 – Apresentado com grande expectativa como a principal marca do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) enfrenta sérios entraves que colocam em risco sua função estratégica como vitrine eleitoral para 2026. Atrasos em obras, baixa execução de recursos e embates políticos com estados e municípios minam o programa, que tinha como objetivo impulsionar a infraestrutura e reaquecer a economia.

Dados atualizados do Ministério do Planejamento indicam que, até o momento, menos de 22% do orçamento previsto para o PAC foi efetivamente executado. Muitos projetos seguem apenas no papel, e aqueles que foram iniciados enfrentam dificuldades de licenciamento ambiental, paralisações contratuais e falta de contrapartida local.

A situação preocupa o núcleo político do Palácio do Planalto, que contava com o Novo PAC como trunfo para apresentar resultados concretos à população antes da disputa presidencial. Sem obras entregues, especialmente em áreas como habitação, saneamento, transporte e energia, o governo corre o risco de chegar a 2026 sem material de campanha que mostre transformações reais no cotidiano dos brasileiros.

Internamente, auxiliares de Lula já admitem que o Novo PAC “não decolou como esperado”. A pressão agora recai sobre os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento), que são cobrados por maior agilidade na liberação de recursos e articulação com governadores.

Analistas políticos avaliam que o fracasso do programa compromete a narrativa de reconstrução do país prometida por Lula. “Sem uma entrega visível e concreta, o discurso de legado se esvazia. Isso abre espaço para a oposição explorar a ineficiência da máquina pública”, afirma o cientista político Cláudio Mendonça, da Fundação Dom Cabral.

Diante do cenário adverso, o governo estuda reformular a comunicação do PAC, destacando iniciativas menores e parcerias com o setor privado como forma de salvar parte da imagem do programa. No entanto, dentro do Congresso, cresce o ceticismo sobre o impacto real das obras no médio prazo.

Com a popularidade em queda e a economia estagnada, Lula poderá ter que buscar outra frente de atuação para tentar consolidar sua sucessão ou viabilizar uma tentativa de reeleição. Sem o PAC como motor de otimismo, o caminho até 2026 tende a ser mais turbulento e incerto para o Planalto.