Interrogatório de Bolsonaro e dos demais réus foi marcado
para o dia 9
O ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encerrou nesta
segunda-feira (2) a fase dos depoimentos de testemunhas de acusação e defesa
dos réus do núcleo 1 da trama golpista. O grupo é formado pelo ex-presidente
Jair Bolsonaro e mais sete réus.
Os depoimentos
começaram no dia 19 de maio. Foram ouvidas 52 testemunhas arroladas pela
Procuradoria-Geral da República (PGR), que faz a acusação, e pelas defesas dos
acusados.
O senador
Rogério Marinho (PL-RN) foi a última testemunha ouvida no STF. O parlamentar
foi indicado para falar em defesa de Bolsonaro e do general Braga Netto,
ex-ministro da Casa Civil e vice-candidato à Presidência da República na chapa
de Bolsonaro em 2022.
Depoimento
Durante o
depoimento prestado hoje, Marinho negou que Bolsonaro e Braga Netto tenham
sinalizado ou comentado que tomariam alguma medida de ruptura institucional
após o resultado das eleições de 2022.
O senador
também negou que tenha conhecimento de algum fato que ligue o ex-presidente aos
atos golpistas de 8 de janeiro. O parlamentar participou de reuniões com o
Bolsonaro durante o período de transição para o governo Lula.
“Eu vi o
presidente preocupado que não houvesse bloqueio de radicais, impedimento de ir
e vir, para que não fosse colocado sobre
ele a pecha de atrapalhar a economia e a mudança no país”, afirmou.
Segundo o
senador, Bolsonaro estava triste por ter perdido o pleito e indicou o então
ministro da Casa Civil Ciro Nogueira para chefiar o processo de transição com
representantes do governo de transição.
“Nós todos
estávamos tristes, mas o presidente,[estava] preocupado com esse processo de
transição e com o pronunciamento aos seus eleitores”, completou.
Próximos passos
Com o fim dos
depoimentos das testemunhas, o interrogatório de Bolsonaro e dos demais réus
foi marcado para a próxima segunda-feira (9).
A expectativa é
de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do
ex-presidente e dos demais réus ocorra neste ano. Em caso de condenação, as
penas passam de 30 anos de prisão.
Os réus
respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição
violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado
pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Núcleo 1
Os oito réus
compõem o chamado núcleo crucial do golpe, o núcleo 1, e tiveram a denúncia
aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 26 de março. São eles:
Jair Bolsonaro,
ex-presidente da República;
Walter Braga
Netto, general de Exército, ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa
de Bolsonaro nas eleições de 2022;
General Augusto
Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
Alexandre
Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Anderson
Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito
Federal;
Almir Garnier,
ex-comandante da Marinha;
Paulo Sérgio
Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
Mauro Cid,
delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.