A
atriz tinha 70 anos de carreira
A atriz Eva Wilma morreu neste
sábado, dia 15, às 22h08, aos 87 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein,
em São Paulo, vítima de um câncer no ovário que, disseminado, levou a uma
insuficiência respiratória. A artista estava internada desde o dia 15 de abril,
inicialmente para tratar problemas cardíacos e renais. O câncer foi descoberto
no último dia 7 de maio. A informação foi confirmada pela assessoria de
imprensa da artista.
Eva Wilma Riefle Buckup
Zarattini nasceu em São Paulo, em 1933, filha de um metalúrgico alemão e uma
portenha judia. Em setembro do ano passado, a atriz comemorou 70 anos de
carreira. No início da década de 1950, após chamar a atenção como bailarina
clássica, ela estreou como figurante em filmes italianos e fez dois filmes com
o diretor Armando Couto e o ator Procópio Ferreira, "O Homem dos
Papagaios" e "A Sogra". Ao longo da carreira, trabalhou com
diretores como Walter Hugo Khouri ("A ilha"), Luiz Sérgio Person
("São Paulo S.A") e Roberto Farias ("A cidade ameaçada").
Na TV, a atriz estreou na
Tupi, em 1953, no seriado "Namorados de São Paulo" (depois rebatizado
para "Alô, doçura"). Ao GLOBO, ela relembrou que eram horas de ensaio
antes da ação acontecer em tempo real, diante das câmeras. Na época, a
televisão era toda feita ao vivo — o videotape só chegou em 1959, na TV
Continental, no Rio.
— Tudo era muito artesanal. A
gente ensaiava e combinava tudo antes. Chegava ao fim da tarde e era “vamos ao
ar, salve-se quem puder” — contou a atriz, lembrando-se dos textos que eram
escondidos no cenário. — Em São Paulo, se chamava cola; no Rio, dália (gíria
que surgiu após um ator colar suas falas num vaso de dálias). Usávamos nossa
marcação de cena para escolher peças do cenário para colar a dália.
Ao longo dos anos 1970, Wilma
se tornou uma das principais estrelas da TV brasileira. Fez sucesso atuando ao
lado do ator Carlos Zara em diversos programas, muitas vezes como par
romântico. Seus sucessos na telinha incluem as gêmeas Ruth e Raquel na primeira
versão de "Mulheres de Areia", de Ivani Ribeiro, e papeis em novelas
como "A viagem", "O direito de nascer" e "Selva de
pedra". Na década de 1990, fez sucesso como Altiva, com seu sotaque
nordestino e misturado com inglês na fictícia Greenville.
Em entrevista ao GLOBO, em
2019, a atriz falou com empolgação sobre os projetos nos quais esteve
envolvida, como a novela "O tempo não para", de 2018, um recital e a
comédia "As aparecidas", dirigida por Ivan Feijó. Com bom humor, a
Wilma admitia as dificuldades que a idade tinha trazido, como as dificuldades
para decorar texto ("lembrar as datas, então, é um horror"),
lamentava a perda de amigos, mas dizia que continuava em frente.
— O segredo para seguir é não
se levar a sério — asseverou.
Engajada politicamente, ela
militou contra a ditadura militar e participou da histórica Marcha dos Cem Mil
em 1968. Na novela "Roda de fogo", fez o papel da ex-militante Maura,
torturada durante a ditadura. Após um período ausente, voltou às novelas com
"Fina Estampa", de 2011. Também fez aparições no seriado "A
grande família" em 2014.
Em setembro, aderiu às lives,
apresentando-se dentro de casa com o espetáculo virtual "Eva, a
live", transmitido no YouTube e no Instagram.