No meu consultório um dos temas mais trazidos pelos clientes é a falta de dinheiro. Alguns deles têm um bom salário, mas reclamam que o dinheiro parece “desaparecer”. Outros vivem a escassez financeira devido a dívidas. Há ainda os que dependem de outras pessoas, como os pais ou companheiro (a), porque não se encontraram no campo profissional.
Pela visão da Constelação Familiar, terapia breve criada pelo alemão Bert Hellinger, o dinheiro é uma energia de vida e de agradecimento.
No que diz respeito ao dinheiro ser uma energia de vida precisamos estar atentos a algumas posturas diante daqueles que nos trouxeram à vida para que a energia do dinheiro flua até nós.
A postura sadia é se colocar em paz com os nossos pais biológicos. A mãe é aquela que nos deu o primeiro sustento, já no ventre, por isso a relação com a mamãe se reflete em nossa capacidade de ir para a vida, prosperar e ganhar dinheiro, ou seja, em nossa capacidade de se sustentar. Se sentimos que a mamãe foi insuficiente, adivinhe? O dinheiro sempre será insuficiente.
Já o papai, na visão da Constelação, representa nossa carreira e profissão. Quando julgamos nosso pai teremos dificuldade de ter foco e sucesso na profissão.
Muitos criticam e cobram seus pais a partir de um ideal de perfeição. Essa cobrança emocional pode se manifestar em dívidas ou dependência financeira. É como se, ao depender financeiramente dos seus pais ou de um parceiro, você se sentisse compensada por aquilo que não recebeu dos seus pais.
Para renunciar a tais dívidas emocionais precisamos lembrar que os nossos pais são humanos e que foram criados por seus avós, também humanos. Portanto, todos são passíveis de erro sim, como você, como eu.
A Constelação nos leva à essência das coisas e nos faz lembrar que, do ponto de vista da existência humana, os nossos pais biológicos cumpriram o seu papel, sem o qual não estaríamos aqui.
Quando deixamos de lado nossas reivindicações infantis e olhamos para nossos pais sob esta perspectiva, percebemos que eles já nos deram a maior herança de todas: a Vida. Assim, com humildade para sair do papel de vítima, ficamos em paz com os nossos pais e podemos acessar a energia de vida que passa através deles para chegar a nós. A paz com os pais traz paz na vida, sensação de adaptação e realização na vida. O dinheiro pode, só então, entrar em ressonância com a gente.
A afirmação de que o dinheiro é uma energia de agradecimento nos faz lembrar como o nosso trabalho serve às pessoas e ao mundo. Quando damos um produto, serviço ou conhecimento a alguém, esse alguém nos retribui com uma quantia em dinheiro para agradecer o que foi recebido.
Portanto, essa dinâmica precisa estar equilibrada e ser justa para ambas as partes. Aquilo que oferecemos a quem nos paga não pode ser mais caro ou mais barato do que o benefício que ele proporciona. A visão sistêmica neste caso envolve o que Hellinger chama de boa e má consciência. Quando há troca saudável, ficamos com boa consciência e o dinheiro pode vir e ser usado com alegria. Porém, quando recebemos mais do que realmente achávamos que merecíamos, nossa má consciência entra em ação e, para expiar a culpa, acabamos perdendo dinheiro com situações inesperadas. Se damos mais do que recebemos, podemos bloquear clientes pois nossa consciência não quer se sentir usada. Do outro lado, o cliente que recebeu mais do que pagou, se sente em culpa e pode evitar retornar a você para “fugir” de ficar com má consciência.
Estas são duas das dinâmicas ocultas mais presentes nas pessoas com dificuldades financeiras. Contudo, na próxima coluna trarei as outras lealdades e emaranhados sistêmicos que podem estar influenciando a sua relação com o dinheiro. Até lá!